O clima no Santiago Bernabéu estava diferente. Os torcedores do Real Madrid sabiam que aquela noite não era só sobre ganhar pontos, mas sim sobre dizer adeus a dois gigantes da história do clube: Carlo Ancelotti e Luka Modrić. Enfrentando a Real Sociedad na última rodada da La Liga, o time merengue venceu por 2 a 0, com dois gols de Mbappé, aproximando ainda mais o atacante do cobiçado Troféu Pichichi. Mas nem mesmo os gols conseguiram roubar a cena das homenagens e do clima de comoção.
Desde o aquecimento, o Bernabéu já mostrava que seria inesquecível. Banners enormes foram abertos nas arquibancadas com mensagens como “Obrigado, Carletto” e “Obrigado, lenda”, que resumiam o sentimento da torcida. Durante a partida, a cada toque na bola de Modrić, aplausos ecoavam do público, enquanto Ancelotti recebia olhares de gratidão e carinho do banco de reservas até o apito final.
Assim que terminou o jogo, a emoção tomou conta de vez. Ancelotti, em um discurso mais aberto do que de costume, lembrou grandes momentos que viveu à frente do clube: o hat-trick de Benzema contra o PSG, nas oitavas da Champions League em 2022, e o brilho de Rodrygo diante do Manchester City, que praticamente derrubou o estádio de tanta emoção. Ao falar, Carletto agradeceu a Florentino Pérez não só pelo apoio, mas pela confiança ao longo dos anos, e ainda fez questão de citar a entrega dos jogadores nas duas passagens pelo clube. Com um total de 15 troféus, incluindo três Champions, ele sai marcado como o treinador mais vencedor da história merengue.
Luka Modrić, outro símbolo do Real Madrid, segurou o choro e citou uma frase que tocou o público: “Não chore porque acabou; sorria porque aconteceu”. O croata, que vai fechar sua trajetória no clube com 28 títulos, fez questão de agradecer aos dirigentes, treinadores, colegas de elenco e, especialmente, à torcida, que o adotou como verdadeiro ídolo. Florentino Pérez, presidente do Real, não escondeu a emoção e foi flagrado enxugando lágrimas enquanto Modrić discursava.
Depois das homenagens, Modrić ainda terá o Mundial de Clubes pela frente antes de pendurar as chuteiras. Já Ancelotti, diferente do croata, não vai parar: ele já está de malas prontas para assumir a seleção brasileira, missão que traz novas expectativas para o técnico italiano.
A sensação de fim de ciclo era clara em cada canto do estádio. Para muitos torcedores, foi uma noite de nostalgia misturada com gratidão—a oportunidade rara de se despedir de ícones em campo e fora dele, em grande estilo. O Bernabéu, como poucas vezes na história, aplaudiu de pé dois nomes que ajudaram a transformar o Real Madrid em referência mundial.